No ritmo da música, Whiplash faz você tremer como se fosse um verdadeiro baterista.
Na definição do dicionário tensão significa choque, movimento, carga elétrica, algo que repulsa. Este poderia ser o conceito de Whiplash, algo que repulsa, que nos deixa ansiosos e nervosos em quase 90 minutos de filme. Contudo ainda restam 17 minutos em que a reciprocidade e sintonia pelos personagens prevalecem. Uma obra difícil de não se identificar.
Andrew Neyman (Miles Teller) é um ambicioso jovem estudante baterista de jazz. Criado pelo pai, um professor de literatura e escritor frustado, tudo o que Andrew quer é que sua vida seja diferente da do pai, por isso ele segue e luta para alcançar o sonho de ser um dos melhores bateristas do mundo. Até que o professor Terrence Fletcher (J.K. Simmons), o melhor instrutor da escola e conhecido pelos seus terríveis métodos de aprendizado, que inclui ameaças e intimidações, o convida para participar de sua banda.
Entre o autoconhecimento e no limiar da intimidação psicológica, Andrew busca a perfeição, com os ensinamentos de Fletcher, que segue repetindo que o aluno precisa se esforçar e praticar mais, até que essa luta se torna uma obsessão.
Dirigido pelo estreante Damien Chazelle o filme é um recorte de cifras, em que consegue agrupar música, dança e combate entre enquadramentos bem estruturados e pensados.
No close da orelha, no suor, no gesto da mão do professor que conduz toda a sonoridade, é perceptível que não é um filme qualquer, e sim artístico e sensível.
No close da orelha, no suor, no gesto da mão do professor que conduz toda a sonoridade, é perceptível que não é um filme qualquer, e sim artístico e sensível.
As atuações são ótimas de Miles Teller e J.K. Simmons, os dois conseguem comandar e guiar todo o filme. A revelação fica com Teller, que em outros filmes apenas fazia o “amigo bêbado”, o ator entrega um personagem cheio de camadas. Entre a insegurança e a arrogância, Andrew, ainda assim, atinge o carisma e compaixão do público.
Porém, J.K. Simmons, como sádico e controlador Fletcher, ainda tem mais destaque, ele consegue abstrair todas as características desse complexo personagem e entregar um trabalho incrível, arrisco até em afirmar que é o melhor de sua carreira até agora. Terrence Fletcher é tão cheio de contradições de singularidades que somos incapazes de entender suas reais intenções ao longo do filme.
Ao tratar sobre jazz, estilo pouco conhecido do público, o filme é arriscado e ambicioso, que, apesar de mostrar o limite da perfeição e obsessão, é fácil de nos identificarmos. Quem nunca tem ou teve um grande sonho e lutou para alcançá-lo, mesmo encontrando dificuldades no caminho?
Assim, o filme conclui com um final surpreendente, termina no auge das emoções, sem precisar usar de clichês e frases feitas. Disso podemos adquirir incontáveis aprendizados, tanto de técnica, como sentimentais.
Nota: 10 / 10
Informações Gerais:
O roteiro e a direção é de Damien Chazelle.
Os usuários do site IMDB deram nota média de 8,7 / 10
A opinião especializada do site Rotten Tomatoes deu uma aprovação de 96%
Obs1: O diretor Damien Chazelle foi o vencedor da última edição do festival de Sundance
Obs2: O ator Miles Teller toca bateria desde criança, no filme é ele tocando magistralmente em todas as cenas.
Obs3: Whiplash não é referência à música do Metallica, mas sim à composição de mesmo nome do saxofonista Hank Levy.
Obs4: Sem dúvida um dos melhores filmes que já vi nos últimos tempos.
Melhor filme do ano disparado!!!!!!
ResponderExcluirQuem disser o contrário não sabe nada de cinema.
Obrigado.