terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Cinemandoadois #16: Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash, 2014)

No ritmo da música, Whiplash faz você tremer como se fosse um verdadeiro baterista.




Na definição do dicionário tensão significa choque, movimento, carga elétrica, algo que repulsa. Este poderia ser o conceito de Whiplash, algo que repulsa, que nos deixa ansiosos e nervosos em quase 90 minutos de filme. Contudo ainda restam 17 minutos em que a reciprocidade e sintonia pelos personagens prevalecem. Uma obra difícil de não se identificar.


Andrew Neyman (Miles Teller) é um ambicioso jovem estudante baterista de jazz. Criado pelo pai, um professor de literatura e escritor frustado, tudo o que Andrew quer é que sua vida seja diferente da do pai, por isso ele segue e luta para alcançar o sonho de ser um dos melhores bateristas do mundo. Até que o professor Terrence Fletcher (J.K. Simmons), o melhor instrutor da escola e conhecido pelos seus terríveis métodos de aprendizado, que inclui ameaças e intimidações, o convida para participar de sua banda.

Entre o autoconhecimento e no limiar da intimidação psicológica, Andrew busca a perfeição, com os ensinamentos de Fletcher, que segue repetindo que o aluno precisa se esforçar e praticar mais, até que essa luta se torna uma obsessão.


Dirigido pelo estreante Damien Chazelle o filme é um recorte de cifras, em que consegue agrupar música, dança e combate entre enquadramentos bem estruturados e pensados.
No close da orelha, no suor, no gesto da mão do professor que conduz toda a sonoridade, é perceptível que não é um filme qualquer, e sim artístico e sensível.

As atuações são ótimas de Miles Teller e J.K. Simmons, os dois conseguem comandar e guiar todo o filme. A revelação fica com Teller, que em outros filmes apenas fazia o “amigo bêbado”, o ator entrega um personagem cheio de camadas. Entre a insegurança e a arrogância, Andrew, ainda assim, atinge o carisma e compaixão do público.

Porém, J.K. Simmons,  como sádico e controlador Fletcher, ainda tem mais destaque, ele consegue abstrair todas as características desse complexo personagem e entregar um trabalho incrível,  arrisco até em afirmar que é o melhor de sua carreira até agora. Terrence Fletcher é tão cheio de contradições de singularidades que somos incapazes de entender suas reais intenções ao longo do filme.


Ao tratar sobre jazz, estilo pouco conhecido do público, o filme é arriscado e ambicioso, que, apesar de mostrar o limite da perfeição e obsessão, é fácil de nos identificarmos. Quem nunca tem ou teve um grande sonho e lutou para alcançá-lo, mesmo encontrando dificuldades no caminho?

Assim, o filme conclui com um final surpreendente, termina no auge das emoções, sem precisar usar de clichês e frases feitas. Disso podemos adquirir incontáveis aprendizados, tanto de técnica, como sentimentais.

Nota: 10 / 10

Informações Gerais:
O roteiro e a direção é de Damien Chazelle.
Os usuários do site IMDB deram nota média de 8,7 / 10
A opinião especializada do site Rotten Tomatoes deu uma aprovação de 96%

Obs1: O diretor Damien Chazelle foi o vencedor da última edição do festival de Sundance
Obs2: O ator Miles Teller toca bateria desde criança, no filme é ele tocando magistralmente em todas as cenas.
Obs3: Whiplash não é referência à música do Metallica, mas sim à composição de mesmo nome do saxofonista Hank Levy.
Obs4: Sem dúvida um dos melhores filmes que já vi nos últimos tempos.


Um comentário:

  1. Melhor filme do ano disparado!!!!!!
    Quem disser o contrário não sabe nada de cinema.
    Obrigado.

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