Com 6 temporadas, dividindo opiniões entre adoradores e desgostosos, o seriado Glee encerrou no mês passado, fechando 13 episódios. Porém, não há como negar seu estrondoso sucesso e impacto sobre os jovens.
Com uma história clichê sobre jovens que sofrem “bullyng” no ensino médio e, mesmo assim, não desistem dos seus sonhos, Glee teve sua estreia subestimada no Brasil em seu primeiro ano, por ter atores desconhecidos pelo grande público e conter um enredo principal “bobo e desqualificado”.
Contudo, os exageros de Rachel Berry (Lea Michele) e Sue Sylvester (Jane Lynch), e a incrível qualidade vocal das músicas encantou milhões de crianças, jovens e adultos, o que fez a série render 6 temporadas, um final prematuro e muitas polêmicas.
Pontos Positivos
Mesmo com um roteiro já visto em muitos filmes americanos, Glee passou 6 anos discutindo o bullyng e sobre as dificuldades que os adolescentes enfrentam por serem paraplégicos, gays, estrangeiros, “artistas”, transexuais e muito mais. O fato de um seriado líder em audiência mostrar tantos excludentes faz com que os jovens busquem seu próprio diferencial, por mais utópico que seja, sem tabus e preconceitos, passam a se aceitar como são.
Isso fez o seriado ganhar um interessante filme, Glee 3D, que mostra, entre shows das músicas, relatos de pessoas que foram impactadas positivamente pela série.
Outro destaque foram as músicas, que não eram, no início, as mais atuais e populares entre os adolescentes. Com covers de Queen (Somebody to love e Bohemian Rhapsody), Journey (Faithfully e Dont Stop Believing), Van Halen, AC/DC e de canções de musicais como Funny Girl e Wicked, já esquecidas e que chegaram ao conhecimento dos jovens, fazendo com que buscassem escutar mais as boas antigas músicas do que o pop intragável atual.
Pontos Negativos
Não há como pontuar erros extremos da primeira até a terceira temporada, porém na quarta temporada, em que os principais personagens se mudam para Nova York, a qualidade do seriado muda drasticamente.
Começa a ter repetidas cenas, desnecessários personagens que desaparecem sem explicação e, algumas vezes, aparecem sem sentido também. Mas ainda tinha muitas músicas boas e uma singular competência vocal dos atores que compensava seguir adiante com a série.
Muito comparado com High School Musical da Disney, Glee realmente realizou cenas que valiam a semelhança, principalmente ao encenar canções no pátio da escola e, até mesmo, na biblioteca, o que fez perder um pouco a credibilidade.
Polêmicas
A principal polêmica que arrecadou muitas discussões, principalmente nos Estados Unidos, foi sobre o episódio Shooting Star, da quarta temporada. No episódio um aluno leva uma arma para a escola, que acaba disparando por acidente. Familiares das vítimas do tiroteio na escola Sandy Hook, que deixou 20 crianças e seis adultos mortos, reclamaram porque a emissora não os teria avisado da exibição.
Em entrevista a CNN, um dos pais explica que "era muito cedo" para fazer referências.
Outra polêmica foram as bandas e músicos que não autorizaram o uso de suas músicas no programa. Toda essa história começou com a banda Kings of Leon não autorizar o uso da canção "Use somebody" no seriado. Até aí tudo bem, se não fosse o criador e produtor da série, Ryan Murphy, comentar o ocorrido de maneira agressiva “Vão se fo..., Kings of Leon. Eles são uns c... zões egoístas que não viram a ideia toda. Eles perderam um garoto de 7 anos se aproximar a alguém de sua idade cantando uma música do Kings of Leon, o que o faria provavelmente participar de um coral ou tocar algum instrumento musical. Você pode tirar sarro de 'Glee' o quanto quiser, mas o que realmente fazemos é aproximar a criançada da música"
Após o ocorrido, outro artista a não autorizar o uso de suas músicas foi Slash, ainda afirmou que o seriado é pior que “Grease”.
Outros músicos a não cederem a Glee foram Dave Grohl (o líder do Foo Fighters) e Red Hot Chilli Peppers.
Segundo boatos, outra polêmica que rondou o seriado em 2014, foi a provável briga entre Naya Rivera e Lea Michele. Elas teriam travado uma batalha de egos nos bastidores, já que a intérprete de Santana achava que colega teria privilégios da produção. Os dois lados, porém, negaram qualquer desentendimento.
Ainda assim, apesar de prematuro, Glee teve um final digno, que agradou a maioria dos fãs que acompanha o seriado desde 2009. O discurso de Sue Silvestre conseguiu resumir muito a essência e o projeto ambicioso que a série se tornou:
“Uma pessoa bem gorda uma vez ficou diante deste palco e disse a um grupo de “nerds” em ridículos trajes de disco, que “glee” em sua tradução é sobre libertar-se para a alegria. Não é segredo que por bastante tempo eu achava que isso era uma bobagem, pelo que eu vi “glee club” não é nada mais que um lugar onde vários perdedores vão cantar sobre seus problemas, e se iludem ao pensar que habitam um mundo onde acham que alguém se importa com seus sonhos e esperanças, o que é distorcido da realidade. No mundo real não há esperança para desapontamento, corações partidos e falhas. E eu estava completamente certa. Isso é, exatamente o que “glee” é. Mas eu estava errada sobre a parte dos perdedores.
Quando finalmente percebi que é preciso ter muita coragem para olhar ao seu redor e ver o mundo não do jeito que ele é, e sim do jeito deveria ser. Um mundo onde o quarterback vira melhor amigo do gay, onde a garota do nariz enorme acaba indo para Broadway. Glee é sobre imaginar um mundo assim, e sobre encontrar a coragem para abrir seu coração e cantar sobre isso. Isso é glee club.”
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