terça-feira, 12 de maio de 2015

Cinemandoadois #30: Entre Abelhas, 2015

Fábio Porchat consegue provar que é mais do que um rostinho bonito bem humorado.


O diretor Ian SBF atualmente comanda um dos canais de humor mais visualizados do Brasil, o Porta dos Fundos, mas sua história em filmografias é muito mais antiga. Em 2007 o diretor já iniciava com o curta metragem premiado “O Lobinho Nunca Mente”, e já idealizava o atual filme.

Assistindo apenas ao canal de humor muitas pessoas podem subestimar o limite criativo de Ian e Fábio Porchat, porém, com o “Entre Abelhas” eles demostraram que podem ser roteiristas e diretores completos.


O enredo acompanha Bruno (Porchat), um homem deprimido pelo súbito fim de seu casamento. Tendo que morar com a mãe (Irene Ravache) durante o processo do divórcio, a rotina de Bruno se resume ao seu emprego e às ocasionais saídas com o amigo mulherengo Davi (Marcos Veras). Mas sua situação piora quando ele percebe que as pessoas ao seu redor estão desaparecendo (somente para ele), fazendo com que mergulhe numa crescente solidão, à medida que todo o contato humano é tirado da sua vida.

A obra desdobra um enredo pouco comum, em um realismo fantástico, impressiona com o exagero de uma condição pouco discutida em telas nacionais, a solidão despercebida.
O maior ponto positivo do filme é que não entrega tudo explicado para o público, sem ênfases nos sinais, não subestima o telespectador, o que é bastante interessante. 


Outro destaque é o personagem do Marcos Veras, Davi é uma pessoa que enxerga as pessoas, mas finge que não as vê, ele não repara no melhor amigo entrando em profunda depressão. Isso é muito próximo da realidade humana, muitas pessoas não conseguem ver além delas mesmas. O filme mostra isso em tela de maneira muito sutil e delicada.

Contudo, Giovanna Lancellotti, que interpreta a ex-mulher do Bruno, não convence, talvez porque seja muito nova, a personagem Regina não justifica as próprias ações, por falta de carisma na atuação.


Ainda assim, não há como negar o incrível talento em tela, com uma ótima atuação de Fábio Porchat e um roteiro que consegue conter o humor, sem dramatizar demais.

Tentar mostrar o quanto é nocivo a falta de contato humano e social faz de “Entre Abelhas” uma obra contemporânea, existencialista e sensível, sem precisar cair em clichês e risadas prontas para atrair o público. Isso é de orgulhar qualquer brasileiro que espera filmes bons, nacionais que sejam reconhecidos e não necessariamente independentes e difíceis de encontrar.


Nota: 8 / 10



Informações Gerais:
Roteiristas: Ian SBF e Fábio Porchat
O site AdoroCinema deu nota de 3,5 / 5
A média de nota da imprensa é de 3,3 / 5

Obs1.:Ian afirma que desde 2007 está trabalhando na história do filme com Porchat.
Obs2.: O Diretor de Fotografia diz que as principais inspirações foram “Shame (2011)” e “Ela (2014)” ~Um visual quase que documental~
Obs3.: Porchat fez questão de sorrir o menos possível, ele sorri apenas uma vez durante o filme inteiro.

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