sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Resenhando: Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer (Me and Earl and the Dying Girl, 2015)

Poderia ser mais um filme sobre câncer, sobre superação, poderia ser mais uma cópia de “A Culpa é das Estrelas”, mas não é. 


“Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer” é uma adaptação do livro com o mesmo nome do escritor Jesse Andrews, uma mistura de drama e humor que emociona.

Greg (Thomas Mann) é um jovem não tão típico assim, está no Ensino Médio e faz questão de não pertencer a nenhum grupo de estereótipo, ele se esforça para ser “invisível” na escola. Earl (RJ Cyler) é o único amigo de Greg, a dupla faz filmes caseiros, como algumas releituras de filmes já clássicos. Rachel (Olivia Cooke) acabou de ser diagnosticada com leucemia, e os caminhos desses três personagens se juntam quando a mãe de Greg o obriga a fazer amizade com Rachel. O relacionamento entre os amigos, principalmente entre Greg e a menina, é tão intenso que eles decidem fazer um filme para ela.

“Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer” é todo narrado por Greg, sendo mais do que apenas um personagem observador e se desenvolvendo no decorrer da trama, assim como Rachel, que demonstra claramente os efeitos do câncer no corpo e nas atitudes, deixa de ser a garota conformada com a atual condição, mostra personalidade em um ritmo de humor ácido e espontâneo.

Sem dúvida uma das melhores característica do filme é o tom de humor que o diretor Alfonso Gomez-Rejon (American Horror Story) optou em destacar, é engraçado sem precisar ser forçado, por conta disso a identificação é natural, questionando sempre ‘O que faríamos em situações como a de Greg ou de Rachel?’

No decorrer do filme nos deparamos com os pensamentos de Greg sendo traduzidos em metáforas feitas de animação, algumas em stop-motion, que provoca estranheza a primeira vista, mas insere uma delicadeza única para a história. 
A sensibilidade também está na própria personagem vivida por Cooke, Rachel é encantadora, sendo quase impossível não se revoltar com sua doença. A atriz está perfeita no papel, a melhor atuação de Olivia Cooke (Ouija, 2014) até então.
Os outros personagens também não deixam a desejar, principalmente o professor Mr. McCarthy (Jon Bernthal) e o Pai de Greg (Nick Offerman do seriado Parks and Recreation), que adicionam uma camada de humor essencial para o desenvolvimento dos personagens Greg e Earl no decorrer da trama.



Contudo, mesmo com uma narrativa diferente, com uma mistura de efeitos, o longa não consegue fugir do clichê “garota com câncer”. Ainda que consiga criar um ambiente de elementos diferente, a menina com leucemia está lá para mudar a rotina e a vida dos amigos, o que não deixa de ser previsível.

A carga emocional nas cenas mais intimistas poderia ser mais bem executada, principalmente nas partes finais do filme. Ficamos com a impressão que falta algo, mais engajamento do ator na cena, Thomas Mann está incrível nos diálogos com humor, mas no drama não há uma total entrega.

Ainda assim, “Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer” é uma obra que vale a pena para ser sentida, de necessária base artística. 

Nota: 8 / 10

Informações Gerais:
Diretor: Alfonso Gomez-Rejon
Roteirista: Jesse Andrews 
No site IMDB a nota média avaliada pelos usuários é de 8,1 / 10
No Rotten Tomatoes na opinião especializada o filme teve 81% de aprovação

 Curiosidades Gerais:

1. É o primeiro filme de Olivia Cooke que não é Sci-Fi ou de Horror.
2. Emma Roberts foi pensada para o papel de Rachel.
3.    O filme tem várias referências a obras clássicas do cinema, como A Noite dos Mortos-Vivos e Madrugada dos Mortos de 1978.

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