quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Cinemandoadois #8: BABADOOK, 2014


THE BABADOOK é um dos filmes mais aterrorizantes dos últimos anos.


Fiz uma citação no meu texto sobre “Invocação do Mal” a respeito do problema entre filmes de terror nos cinemas atualmente. Porém, ainda há espaço para realizar longa de qualidade que conseguem fugir dos clichês triviais e investir na linguagem e ambiente cinematográfico. Felizmente, o filme australiano Babadook é um desses casos, e, para mim, uma agradável surpresa.

O filme chegou no circuito limitado do Brasil, no final de outubro, com poucas salas de cinema, sendo rotulado como “alternativo” ou “indie”, talvez porque nem mesmo nos Estados Unidos o filme teve seu reconhecimento no mesmo nível de outros do gênero (Annabelle e Ouija). O que me faz acreditar na infeliz realidade de que o público geral busca somente a fórmula pronta e refeita em filmes de terror. 

Babadook é sobretudo um filme de luto e depressão. Após seis anos da morte do marido, Amelia (Essie Davis) ainda não superou a tragédia. Mãe do pequeno Samuel (Noah Wiseman), que tem dificuldades para se relacionar com outras crianças, ela tenta cuidar do filho no ambiente sombrio da perda.  Até que em uma noite o garoto pede para ela ler uma história que ele encontrou na estante, o livro é sobre o monstro “The Babadook”. Após isso Amelia e seu filho começam a ser assombrados pelo monstro.


Dirigido e escrito pela australiana estreante Jennifer Kent, que fez o filme baseado em sua anterior curta-metragem “Monster”, entrega esse longa original com interpretações espetaculares.  Essie Davis (Amelia) consegue demonstrar com sensibilidade a depressão e loucura que a personagem vive, com uma atuação digna de prêmios, temos também o garoto Noah Wiseman que faz um ótimo trabalho como criança "problemática".

Com um enredo cheio de metáforas e simbolismo, que por vezes fica confuso, o filme mostra ser muito mais do que um típico do gênero, adentra no subconsciente dos personagens, mostrando uma atmosfera nebulosa da depressão e a triste  dor das perdas.


Compreendo, porém, que não é um filme para qualquer tipo de público, a conclusão dificilmente agradará, e o fato do monstro não “aparecer” também pode incomodar algumas pessoas. Contudo, é necessário saber que tudo no filme é por uma causa, nenhuma cena é perdida ou desnecessária.

Outro ponto de destaque está na fotografia que é essencial para criar todo o ambiente opressivo e aterrorizante do filme. Com o jogo de distorção entre o claro e o escuro, Babadook é apenas sugestivo em sombras e em gestos, demonstrando a inspiração em filmes do expressionismo alemão de 1920, como “Nosferatu” e “O Gabinete do Dr. Caligari”.

Por mais que não seja um filme fácil de encontrar, vale a pena a busca para adentrar no universo obscuro que Kent criou, que por mais assustador que seja, podemos reconhecer que já estivemos lá.


Nota: 8,5 / 10

Informações Gerais
Diretora e roteirista: Jennifer Kent
No site IMDB o filme tem uma nota média de 7 / 10 dos usuários.
No Rotten Tomatoes tem uma aprovação de 97% e uma média de 3,7 / 5 dos usuários.


Confira o curta “Monster” que o filme foi inspirado:


Nenhum comentário:

Postar um comentário