quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Cinemandoadois #11: Era uma vez em Nova York (The Immigrant, 2014)

Com uma história cheia de emoção de filmes de época, com um final que impressiona "Era uma vez em Nova York" surpreende, mesmo sendo fácil de esquecer.

 


Filme aclamado no festival de Cannes, chega ao Brasil com divulgação e distribuição discretas.
O enredo se passa após a primeira guerra mundial e conta sobre a vida da polonesa Ewa Cybulski (Marion Cotillard). Ela e sua irmã viajam para Nova York em busca de uma nova vida do “sonho americano”. Porém, quando elas chegam ao porto os doutores percebem que a irmã de Ewa, Magda (Angela Sarafyan), está doente e não a deixam desembarcar. Sozinha e sem onde ficar, a polonesa se vê obrigada a aceitar a ajuda do estranho Bruno (Joaquin Phoenix), charmoso, mas sem caráter, acaba forçando Ewa a se prostituir. O filme conta ainda com Jeremy Renner, que interpreta Orlando, um mágico que seduz Ewa.


Dirigido por James Gray (Amantes, 2008) "Era uma vez em Nova York" mostra o sofrimento e as dificuldades universais de tantos imigrantes do pós-guerra. Podemos nos identificar por retratar a vida de muitos dos nossos ancestrais, principais responsáveis por construir o país que vivemos hoje. Essa é a grande magia do filme, compreender os tempos difíceis, em épocas de racionamentos e preconceitos alarmantes, que, por mais que pareça distante, nos faz pensar no mundo atual com as diversas formas de exploração.

A atuação está incrível, com Cotillard interpretando um dos seus melhores papéis no cinema, digno de premiações. Joaquin Phoenix também faz um trabalho majestoso com o psicótico e contraditório personagem Bruno. Os dois formam os pilares mais importantes do filme, na expressão da complexidade humana, que por mais terrível que seja, o personagem de Phoenix por exemplo, conseguimos sentir pena e compaixão, assim como Ewa.

Com essa construção de personagem, que claramente tem a colaboração direta de um talentoso diretor, e os ótimos enquadramentos de cenas emblemáticas, o filme consegue provocar emoções de ódio e pena no telespectador, mas sem exageros.


Contudo, não há como negar a previsibilidade dos acontecimentos, no decorrer do longa Ewa se envolve em relações com desfechos já esperados. Outro fato é que, por mais que todo o filme seja pelos olhos da personagem de Cotillard, não são mostrados tantos fatores históricos da época, além de elucidar apenas um ponto de vista, o que dificulta a imersão do público na ambientação do filme.

Porém, esses fatores não fazem do filme menos sensível e emocionante, pois a vida da imigrante polonesa tem muito conteúdo dramático para oferecer, além da luta e procura pela magia e sonho americano, que na realidade só se transfigura na busca pela sobrevivência, que mais do que simbólico é existencial. 


Nota: 8 / 10

Obs1: Apesar de Marion Cotillard merecer uma indicação ao Oscar pela atuação acredito que não ocorrerá. Vamos aguardar.
Obs2: O New York Film Critics Circle Awards premiou Cotillard pela atuação e Darius Khondji pela fotografia.
Obs3: Este foi o último roteiro de Ric Menello, que morreu de um ataque cardíaco no dia 1 de março de 2013, antes mesmo do filme ser lançado.

Informações Gerais
Diretor: James Gray
Roteiristas: James Gray e Ric Menello
Os usuários do site IMDb deram a nota 6,6 para esta produção.
Os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 88 críticas positivas e 13 negativas para esta produção, o que lhe garante uma aprovação de 87%.

TRAILER:


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