quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Cinemandoadois #18: Birdman (ou a Inesperada Virtude da Ignorância)

A analogia entre a ignorância e a arte. 



Há uma linha tênue entre talento e popularidade, nem sempre o que é do gosto do público significa qualidade. O mundo do entretenimento é o maior exemplo disso, com filmes, novelas, atuações medíocres que arrecadam fortunas por explorar a falta de esforço intelectual do espectador. Contudo, ainda existe material de grande qualidade, e pessoas que entregam trabalhos arriscados.Esse é o caso do diretor e roteirista Alejandro González Iñárritu que propõe uma nova percepção da fama com a humanização da celebridade em Birdman. 


Riggan (Michael Keaton) é um ator que, na tentativa de provar seu próprio talento, realiza uma peça de teatro em que escreve e atua. Porém, Riggan é sempre lembrado por seu personagem anterior em “Birdman” dos cinemas. Lidando com um divórcio mal resolvido, uma filha (Emma Stone) em processo de recuperação das drogas e ainda com Mike (Edward Norton), um ator temperamental que insiste em impor mudanças na peça, Riggan enlouquece e passa a ver o fantasma dele mesmo vestido de Birdman ditando sua consciência e o que ele deve fazer.


 
Para explicar a loucura e a ansiedade expressa no protagonista, o filme faz cenas contínuas, que nem parecem editadas ou que possuem cortes. A técnica é bastante positiva para o enredo, e é um dos pontos mais fortes de Birdman, pois dessa forma consegue transferir os sentimentos e identificação do personagem para o público.



Michael Keaton faz aqui um dos seus melhores trabalhos. O filme é praticamente guiado por ele com longas cenas sozinho, quase imitando um monólogo. Mas, não há como tirar o mérito de Emma Stone e Edward Norton, que fazem lados semelhantes da obsessão de maneira incrível. Destaque para a cena em que Sam (Emma Stone) discute com o pai e a câmera foca apenas nela, que possui o olhar aumentado, e toda sua revolta com o personagem de Keaton. 


Outro ponto de destaque para o filme é a trilha sonora, com a mixagem de som entre solos de bateria de Antonio Sánchez, que leva o ritmo do filme e faz toda a diferença na caracterização das cenas e qualidade final de Birdman.

Contudo, não traz nenhuma história inovadora, ou que já não tenha sido feita melhor no cinema, como, por exemplo, o filme de Charlie Kaufman Synedoche, New York (Sinédoque, Nova Iorque, 2008).
Ainda assim, é um excelente longa, que conta ainda com uma conclusão repleta de questionamentos, consegue se destacar entre tantos outros vazios de ideias na grande tela em 2014.

Nota: 9 / 10

Informações Gerais
Roteiristas: Nicolás Giacobone , Alejandro González Iñárritu , Alexander Dinelaris, Jr. , Armando Bo
Os usuários do site IMB deram, na média, nota 8 / 10
A opinião especializada do site Rotten Tomatoes deram aprovação de 92%

Obs1: Keaton reflete nesse filme um pouco dele mesmo, já que ele foi por muitos anos lembrado como o Batman dos cinemas.
Obs2: O filme foi indicado a 9 categorias do Oscar, incluindo de “Melhor Filme”

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