sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Cinemandoadois #21: Cinquenta Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey, 2015)

Seria uma comédia?



Para as pessoas que não estavam nesse planeta nos últimos anos e desconhecem sobre o que se trata a história de 50 Tons de Cinza aqui vai uma rápida sinopse. Anastasia Steele (Dakota Johnson) é uma universitária, tímida, atrapalhada e romântica. Certo dia Ana entrevista Christian Grey (Jamie Dornan) no lugar de sua amiga Kate (Eloise Mumford), que está doente e não pode ir. Grey é um milionário, empresário, sadomasoquista, possui muitos carros, jatinho e mulheres loiras em sua empresa, ele fica obcecado interessado por Anastasia após a entrevista e ela fica por ele. 
Assim, Ana começa um relacionamento com Grey, com contratos, limites, MacBook, carros Audi, Saab e castigos no bumbum. Mas, ela quer mais, quer amor, que ele não pode dar, pois Christian não faz amor, ele fode.  Forte. 


A sinopse do filme consegue ser mais erótica que o próprio filme. 

50 Tons de Cinza foi uma grande decepção para a grande maioria. É fato que o livro não colabora muito por ser muito mal escrito, mas com técnicas cinematográficas ainda havia esperanças de o filme ser superior, entretanto o resultado é desastroso. 
Dirigido por Sam Taylor-Johnson (Garoto de Liverpool, 2009), é uma obra repleta de clichês, com cenas completamente desnecessárias (como as do avião, jatinho...) em quase duas horas de filme que se resumem em cansaço e coito interrompido. 

O filme usa de longas cenas de sexo para mostrar pouco e reprimir muito. 


Jamie Dornan não convence como protagonista é desinteressante, apático e sem graça. Por vezes pensei que ele estivesse lendo suas falas de tão distante que foi sua atuação. Importante destacar que Chistian Grey do filme é um personagem diferente do livro. A impressão que fica do filme é que Grey é um menino mimado, rico e que se coloca como vítima de assédio com uma história de pedofilia na infância, enquanto no livro Christian é dominador, controlador, sem espaços para ser o inocente. 

Ainda assim, o filme deprecia a figura feminina, por criar um relacionamento inverossímil de fácil dominação e sujeição por parte da mulher, o que é negativo em uma sociedade em que o abuso, assédio e agressão domiciliar ainda são assuntos tão comuns. 

Apesar de todos os problemas, o longa tem uma fotografia elegante, ainda que recheada de propagandas, enquadramentos que enriquecem o visual, entre jogo de luz e cor. Além disso, Dakota Johnson até que tenta entregar uma atuação digna para Anastasia, mesmo com um roteiro medíocre. 


Contudo, é importante tentar compreender o sucesso de uma história tão ruim. Após analisar teorias diversas de jornalistas, psicólogos e meros blogueiros, entendo que a massificação de 50 Tons de Cinza gira em torno do tabu que é falar sobre sexo, mesmo em dias em que ele é tão praticado, nesses tempos modernos. O livro descreve o sexo, o orgasmo, o prazer, com um toque de romance, o que é difícil de encontrar no entretenimento atualmente. 

As pessoas, principalmente as mulheres, querem consumir elementos ligados a relações sexuais sem se sentirem “culpadas” ou “julgadas”. Porém, é necessário que melhores conteúdos sejam produzidos, mais justos, se não fenômenos como 50 tons vão surgir e podem até retroceder toda a luta feminista alcançada.


NOTA: 3,5 / 10

Informações Gerais
Roteiristas: Kelly Marcel e EL James
No site IMDB o filme recebeu a nota média dos usuários de 4,2 / 10
No Rotten Tomatoes o filme na crítica especializada teve 24% de aprovação, enquanto os usuários dera nota média de 3 / 5 

Obs1.: A própria escritora confirmou que a obra é inspirada em Crepúsculo. Ela até chegou a dizer que quis “apimentar” a história de vampiros.

Obs2.: Normalmente o ato sadomasoquista é tratado como uma forma de autodescoberta ou de libertação, como por exemplo no filme “Ninfomaníaca”, e não um problema comportamental como é mostrado.

Obs3.: Curiosidades sobre o filme e livro no link.



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