terça-feira, 3 de março de 2015

Documentário sobre a vida de Cássia Eller encanta mais que qualquer cinebiografia

'Cássia', que chegou aos cinemas em Janeiro, registra um dos maiores avanços na questão dos direitos civis para famílias brasileiras formadas por casais do mesmo sexo.




Se você estava no Brasil em 2001, você certamente ouviu falar em Cássia Eller. Foi o ano da cantora, do memorável e inesquecível show no Rock In Rio III, que tirou o sono de todo mundo que estava lá por anos, foi o ano da gravação do Acústico MTV, em maio, que fez a cantora um fenômeno nacional em grande escala, e com o trágico fim da morte da cantora em 30 de dezembro do mesmo ano.

O documentário 'Cássia', lançado no em 29 de Janeiro deste ano, nos faz reviver e conhecer a fundo a personalidade por traz daquela voz que tanto partiu corações por sua rouquidão inconfundível, que ia do samba ao rock com a mesma autenticidade, uma artista daquelas que não se vê mais hoje, com o coração na frente do corpo.


Dirigido por Paulo Henrique Fontenele, que leva no currículo o espetacular 'Loki' que conta a vida do ex-Mutante, Arnaldo Baptista, da mais razão aos que como o autor que os escreve preferem documentários viscerais a cinebiografias pouco inspiradas. Tanto 'Cássia' quanto 'Loki' são bons exemplos de que um trabalho bem feito e revelador do artista é muito melhor de se ver do que atores brincando de ser Renato Russo e Tim Maia, só para dar exemplo de péssimos filmes sobre grandes artistas nacionais.



O filme é uma redenção a mitos em torno da vida íntima da cantora, como o estigma da "mulher-macho" e insensível, que é derrubada com a cena encantadora da Cássia Eller prestes a dar a luz do seu filho Francisco (Chicão) com os olhos marejados.

A viúva de Cássia, fez questão de pedir ao diretor para ser verdadeiro e mostrar como a cantora realmente era, e isso é colocado de forma bastante clara, os abusos, as drogas, os excessoas, as mulheres e até mesmo a ingenuidade, porém, para mim o que mais me fez bater palmas para o filme foi a honestidade e transparência que ele aborda a polêmica morte prematura da artista.
Por anos foi atribuída a overdose de cocaína, mas o documentário não mede relatos para descrever as últimas horas de Eller, que sofreu quatro paradas cardio-respiratórias em função de um enfarto do miocárdio. Esse tipo de clareza cria uma empatia com o público, que mergulha na alma de uma mulher sincera demais, e foi fácil ver muitas pessoas chorando durante o filme na sala de cinema.



Outra história que não era conhecida pelo público era a importância que Cássia Eller teve, mesmo que de forma despretensiosa, na luta dos direitos homossexuais. Quando a cantora faleceu, uma luta judicial teve início na guarda do filho Chicão. Isso é retratado com uma delicadeza tamanha que você vai ser uma rocha caso não se emocione, e não conto mais detalhes do que houve para que possam ver esse documentário 'arranca cabelo' que está em grande quantidade de salas pelo país.


Seja pra relembra aquela garotinha esperando o ônibus, ou esse maldito segundo sol que não chega para colocar as coisas realinhadas, ou só para ver todo o carisma que uma voz e um sorriso incomparável trazem, é mais do que indicado conhecer a história dessa grande artista. 



Nota: 9/10

Informações Gerais:

Lançamento: 29 de janeiro de 2015 (2h0min) 
Dirigido por: Paulo Henrique Fontenelle
Com: Cássia Eller, Nando Reis, Oswaldo Montenegro, entre outros.
AdoroCinema 5/5
Imprensa 4,1/5

Bônus: 



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