quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Resenhando: A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl, 2016)

Não há como negar, o filme é difícil de ser assistido, por tocar em um assunto pouco conhecido pela grande maioria das pessoas. Ainda nos tempos modernos  a transexualidade é tratada de maneira muito pejorativa. Mas, “A Garota Dinamarquesa” consegue quebrar preconceitos em uma obra memorável.


Einar Wegner (Eddie Redmayne) é um artista, pintor, reconhecido e bem casado com Gerda (Alicia Vikander). Juntos eles possuem uma sintonia muito forte. O cenário é de uma Copenhagen em 1926, com suas belas paisagens.
A história segue até que Gerda sugere uma brincadeira para seu marido, ele se fingir de mulher em uma festa com amigos. Esse ato faz aflorar em Einar descobertas sobre si mesmo, o que muda toda a vida do casal. O pintor passa a se chamar Lili, uma das primeiras mulheres a passar por uma cirurgia de transgenitalização.

“A Garota Dinamarquesa” é complicado de ser assistido por todo o sofrimento mostrado a partir da luta pela própria aceitação que o protagonista passa. O que faz do filme universal, afinal todos nós passamos em algum momento da vida pela auto aceitação, nem que seja de nossas limitações ou talentos. 
Toda esse sentimentalismo que o longa passa é mérito da dulpa Redmayne e Alicia Vikander. 
Aqui a atuação do indicado ao Oscar de melhor ator é intensa e intimista, consegue passar emoção sem precisar agregar melodramas e estereótipos, o telespectador acredita na sua dor e trajetória. 
Porém, Alicia Vikander, também indicada ao Oscar,  é a grande destaque, podemos até presumir que Gerda é a referência da Garota Dinamarquesa do titulo. Em um de seus melhores trabalhos, a atriz se entrega completamente para sua personagem. Por mais que o filme não se trate diretamente de Gerda, a personagem passa por sofrimentos também, por ter sua vida transformada por Lili, que antes era seu marido. A trama de Vikander é emocionante sem exageros. Sentimos por ela, e, por vezes, até nos colocamos em seu lugar.


O ponto negativo na obra está no roteiro, a vida de Lili poderia ser mais explorada, por ser baseado em fatos reais e existir o diário escrito pela própria protagonista.
Os cortes relativamente rápidos do filme incomodam um pouco também, algumas cenas precisam de tempo e silêncio para serem contempladas e aproximadas do público.

Mas, os detalhes negativos não tira a proeza e importância da obra completa. 
Lili não teve uma vida fácil, mas foi a primeira a ter coragem necessária de mudar a história, principalmente para aqueles que passam o que ela passou. A impressão que fica é de um enredo que deve ser contado e recontado até chegar no conhecimento de todos. 

Afinal, o filme em questão pode até não mudar o pensamento e opinião dos mais conservadores, mas leva a discussão e levanta questionamentos importantes para a formação de uma sociedade melhor.

Nota: 8 / 10



Informações Gerais
Diretor: Tom Hooper
Roteiristas: David Ebershoff (novel), Lucinda Coxon (screenplay)
nota média dos usuários do site IMDB foi de 6.9 /10
Das críticas especializadas do site Rotten Tomatoes o filme teve 70% de aprovação.

Obs1: o filme e o livro omitiram o fato de que Gerda era lésbica, ou ao menos bissexual, e tinha um relacionamento aberto com Einar/ Lili. Suas pinturas lésbicas eróticas não são nem mencionadas no filme.

Obs2: Aicia Vikander foi chamada para o filme após a desistência de muitas outras atrizes, como Charlize Theron, Uma Thurman, Marion Cotillard e Gwyneth Paltrow.


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