segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Resenhando: O Regresso (The Revenant, 2015)

De início pensei que era apenas mais um filme sobre homem versus natureza, a vontade de sobreviver, mas o regresso é um filme silencioso que vai revelando aos poucos sua real intenção.



Com uma filmografia impecável e uma direção de elenco arrebatadora o novo filme do mexicano Alejandro González Iñárritu é de se admirar, se resume na representação cinematográfica de alta qualidade em todos os sentidos. 

A história, baseada em fatos reais, é sobre o caçador Hugh Glass (Leonardo DiCaprio). Ele, em 1822, parte para o oeste americano disposto a ganhar dinheiro caçando. Atacado por um urso, fica seriamente ferido e é abandonado à própria sorte pelo parceiro John Fitzgerald (Tom Hardy). Entretanto, mesmo com toda adversidade, Glass consegue sobreviver e inicia uma árdua jornada, guiado pela força de vontade em busca de vingança e sobrevivência.

“O Regresso” é uma junção de ótimos efeitos técnicos, com o espetacular trabalho de fotografia de Emmanuel Lubezki, que também fez “Birdman”. Outro destaque fundamental é a trilha sonora que é quase protagonista no filme, te leva indiretamente para aquele ambiente e clima invernal. 
As cenas de plano longo, como da batalha inicial tem efeito de chocar logo na primeira impressão e mostra o cuidado que o diretor e a equipe tiveram em cada detalhe do filme.

O detalhe negativo aqui são as pequenas falhas no roteiro, poderia ser mais substancial na sua elaboração. Claro que o diretor tem o foco no silêncio e pausas dos diálogos na intenção de dar mais vida para o ambiente natural em volta, mas, ainda assim, os diálogos poderiam ser melhor trabalhados.
Contudo, ainda assim, em "O Regresso" Iñárritu acerta em ir na contramão do seu trabalho anterior (Birdman) faz uma obra completamente diferente e um dos melhores filmes que ele já fez. 



Em atuação, sem dúvidas é um dos melhores trabalhos feito por Leonardo Dicaprio, apesar de Glass ser um personagem reativo, é, ainda, complexo, acreditamos e aceitamos sua busca por vingança, sem precisar de diálogos, apenas com o olhar e com reações. 
Outro destaque vai para Tom Hardy, que faz o personagem com nome sugestivo John Fitzgerald, apesar de ele precisar de fonoaudiólogo, seu personagem consegue ser manipulador e, ao mesmo tempo, forte, tem a palavra e o poder físico. O capitão do grupo, interpretado por Domhnall Gleeson, faz um ótimo trabalho também, mesmo sendo apagado em algumas cenas por Dicaprio.

Contudo, algumas cenas das alucinações do protagonista são apenas desnecessárias. O silencio arrebatador já seria suficiente. Apenas o “som de um suspiro fundo” já deixa o ambiente misterioso o bastante. 


O filme é longo e muitas vezes até cansativo para quem está acostumado a filmes mais “corridos". Mas, é uma obra para ser lembrada, tanto pela maestria dos efeitos, como pela atuação de um elenco capaz, que convence, sem deixar pontas soltas ou falhas drásticas ao decorrer do enredo.

Nota: 9 / 10


Informações Gerais
Roteiristas:  Mark L. Smith (screenplay), Alejandro González Iñárritu (screenplay)
A nota média dos usuários do site IMDB foi de 8.2/10
Das críticas especializadas do site Rotten Tomatoes o filme teve 82% de aprovação.



___________________@cinemandoadois

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