domingo, 5 de outubro de 2014

Book VS Movie #1 Laranja Mecânica (A Clockwork Orange)

Hoje vamos dar início a mais uma sessão aqui no blog, o Book VS Movie, em que vamos discutir esse eterno conflito do grupo do "Eu gostei mais do livro", contra o "Filme foi muito mais bem feito", e nada melhor do que um super clássico para dar começar o combate, Laranja Mecânica (1971), o filme clássico do super Stanley Kubrick, dispensa qualquer apresentação, faz parte da cinebiografia obrigatória de qualquer um que pense em dizer que goste de cinema.


O Filme

Como possível cinéfilo que sou, assisti ao filme diversas vezes desde a adolescência e simplesmente ficava cada vez mais encantado com o mundo neo futurista e o sarcasmo apaixonante do nosso querido narrador Alex DeLarge (Malcolm McDowell) e seus drugues. 
O protagonista, é um sociopata carismático cujos interesses incluem música clássica (principalmente Beethoven), estupro e ultra violência. Ele lidera uma pequena gangue de arruaceiros (Pete, Georgie e Dim). O filme narra os terríveis crimes de sua gangue, sua captura e a tentativa de reabilitação através do controverso condicionamento psicológico, tudo isso por meio da visão distorcida de Alex, que nos causa empatia a todo esse caos que ele institui.




O filme possui uma extensa lista de qualidades que o tornam clássico, desde as atuações inspiradas, a verdadeiras sacadas geniais que só um mestre como Kubrick consegue instituir. A combinação com música clássica foi a mente do diretor e não do autor do romance, alías o escritor do livro Laranja Mecânica, Anthony Burgess, diferente do padrão, ficou muito satisfeito com o resultado de sua obra na telona. 




Apesar deste entusiasmo, Burgess estava preocupado pelo filme não possuir o capítulo final redentor do romance, uma ausência que ele culpou sobre a editora estadunidense e não Kubrick. Todas as edições do romance nos Estados Unidos antes de 1986 omitiam o capítulo final. 
Kubrick era um perfeccionista de pesquisa meticulosa, com milhares de fotografias tiradas de locais potenciais, assim como de muitas cenas potenciais, no entanto, com Malcolm McDowell, ele geralmente resolveu tudo no início, por isso havia poucos takes. As filmagens ocorreram entre setembro de 1970 e abril de 1971, tornando Laranja Mecânica a mais rápida filmagem em sua carreira. Tecnicamente, para alcançar e transmitir a qualidade onírica da história, ele filmou com lentes grande angulares extremas, 8 como a Kinoptik Tegea 9,8 milímetros e as câmeras Arriflex de 35 milímetros9 e usou fast e slow motion para transmitir a natureza mecânica da cena de sexo no quarto ou estilizar a violência de uma forma semelhante a de Toshio Matsumoto no filme Funeral Parade of Roses (1969).


O Livro

Da mesma forma que o filme, o livro dispensa apresentação, junto com 1984 de George Orwel, e Admirável Mundo Novo de Aldous Luxley, forma a tríade de livros distópicos do seculo XX, todos contendo visões distorcidas do futuro do homem, com forte cunho psicológico. Porém, Burgess foi mais longe, criou um idioma próprio e fez um incrível trabalho na edição do romance, como por exemplo a divisão dos capítulos, são 21, divididos em três partes, 21 é a idade para a maioridade britânica, é visto como a idade que o homem para de ser jovem e passa a ser adulto.



O simbolismo é encontrado durante todo o livro de Anthony Burgess. O romance inteiro é transportado sob um significado, ou tema. Este tema, que é evidente em seu livro tem a ver com a liberdade de escolha. Que a liberdade de controlar seus pensamentos conscientes é um direito dado por Deus que não deve ser substituído por nada. O simbolismo só começa a tornar-se evidente após Alex se inscrever no tratamento Ludovico. Ele entregou a sua liberdade de escolha, para que pudesse se ver livre do sistema carcerário e viver uma vida normal de novo inserido na sociedade. Logo Alex percebe que nada vale a pena sacrificar em troca de sua liberdade de pensamento. Tudo o que Burgess escreveu foi algum tipo de simbolismo a partir dele. Por exemplo, o uso do Nadsat, a linguagem fictícia utilizada no texto, foi efetivamente colocada lá para um propósito. Representava uma forma de gíria que só a juventude usava. Burgess, em seguida, foi ainda mais longe para mostrar como Alex cresceu como um ser humano, livrando-se da imaturidade. Junto com o abandono do lado mental imaturo dele, que caracteriza na perda do Nadsat. Isso representou que ele não era mais um jovem, e que suas experiências lhe ensinaram a crescer e se tornar um homem, o que significa falar como um. Outro exemplo de simbolismo no livro é o uso do autor de capítulos. A versão original do autor do romance teve 21 capítulos, mas por um bom motivo. O simbolismo por trás do número de capítulos, 21, é que representa a idade de um ser humano que deve ser considerado um adulto, e não mais uma criança.

O Vencedor

É muito questionável qualquer decreto sobre tais obras primas, mas o mero autor que vos fala, acredita que o livro foi melhor executado que o filme, e buscar afirmações para isso é tão difícil quanto dar o veredito. Os pontos que eu destaca são a interação entre leitor e narrador, o livro é inteiro em primeira pessoa o que facilita a identificação, além disso a escrita Nadsat, tem mais efeito ainda quando lida, do que falada, causa estranhamento ao leitor, e um misto de fascínio e uma ótica nova, quando Alex fala que quebrou a cabeça de um velho, ou em Nadsat, "chutou a gloti de um vek" temos a impressão que participamos de fato do mundo do narrador. O filme é genial, representa com muita verdade o que o livro é, mas fato seja dito, sem a história genial que Burgess conta, talvez seria apenas mais um filme de gangue, porém os conflitos psicológicos de Alex e a crítica a sociedade londrina, são muito mais estarrecedores, do que mostrados no filme, prova disso é o questionável final do longa-metragem, onde foge muito do que o autor escreveu, Kubrick optou em agradar a mídia, ganha o publico, porém não conta o fim da historia de Alex. De qualquer forma, ambos são indispensáveis marco de nossa cultura ocidental! Vale muito o programa!





Nenhum comentário:

Postar um comentário